domingo, 22 de agosto de 2010

Tráfico de direita e tráfico de esquerda.

Enquanto certas figuras tentam associar a esquerda brasileira com a guerrilha colombiana e o narcotráfico, acabam associando a si mesmos, por tabela, com os para-militares de direita da colombia, que são os que realmente mandam no tráfico colombiano hoje e sempre. Segundo estatísticas da ONU a maior parte da produção de cocaina do pais que mais produz cocaina do mundo está nas mãos de grupos oligárquicos de extrema-direita. É claro, pois quem controla a produção de drogas, por ser um produto de origem agrícola, são grandes donos de terras, e lá, como aqui, grandes latifundiários são forças conservadoras de direita (aliás, desde a idade média), que sempre foram refratárias a qualquer tipo de reforma agrária comunista. A produção de drogas está históricamente ligada à defesa do status-quo. Entretanto essa ligação é mantida cuidadosamente ocultada de nossos telejornais.

Mais uma censura histórica a que estamos submetidos.

É uma longa história.

Se esquecem que quem inventou o tráfico foi a inglaterra, no final do século XVIII, (exatamente enquanto este país implantava o capitalismo) com o transporte de ópio da índia para todo o sudeste asiático a preços baixos. No século XIX a inglaterra chegou a entrar em guerra contra a China para defender o tráfico de drogas, que na época era legal no ocidente. Ficou conhecido com o nome de "guerra do ópio". Isso teve continuidade no século XX com a aliança dos produtores de ópio com os anti-comunistas chineses; depois, quando Mao Tse-tung os expulsou da china, veio a ligação entre os produtores de heroína do "triangulo dourado" com as forças anti-comunistas no vietnã. Depois ainda tivemos a chamada "conexão francesa", uma rota de escoamento de heroína criada por traficantes do sul da frança e da sicília que, em troca da conivência das forças de segurança dos EUA e da europa, assassinava líderes de esquerda na itália e na frança. E, é claro, temos ainda a aliança entre EUA e os produtores de ópio do afeganistão, primeiro para expulsar a união soviética, e agora para enfrentar o Taleban, aliança essa que é peça central na guerra que segue seu curso agora mesmo enquanto falamos, muito embora nenhuma voz de indignação se levante em nossos meios de comunicação.

No nosso continente, só para citar alguns pontos, não podemos esquecer da aliança entre EUA e o ditador Manuel Noriega, que trabalhava para a CIA e ao mesmo tempo era um dos maiores traficantes de cocaína da década de 80. Também o escândalo Irã-contras, onde, entre outras coisas, dinheiro do tráfico era desviado para apoiar os "contras", a guerrilha direitista da nicarágua, com a importante ajuda dos EUA. Numa outra postagem nesse blog ja falei também que Pablo Escobar - que chegou a ser o maior traficante do planeta - era amigo íntimo de Álvaro Uribe, o ex-presidente direitista colombiano.

Incrivelmente todos estes temas permanecem "esquecidos" e só o que se fala, de novo e de novo e de novo, é na ligação do tráfico com as FARC, como um mantra, martelado sobre as pessoas.... no velho e conhecido estilo Goebbels.




Para que essa hipocrisia chegue ao fim é preciso revelar-se todas as verdades!

Uma por uma.

Em postagens futuras irei abordar mais a fundo cada um desses episódios listados acima.
Enquanto isso mando um artigo sobre a produção de heroína no afeganistão

Paz
Alexei



ONU: Afeganistão ocupado torna-se o centro da produção de heroína

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Relatório da ONU concluiu que “hoje 90% do ópio produzido no país é convertido em heroína e morfina antes de ser exportado”. Segundo o “Los Angeles Times”, até 2004 o país “era conhecido exportador de ópio, não como produtor de heroína”

“O Afeganistão já não exporta ópio bruto, mas diretamente heroína, refinada em laboratórios afegãos”, afirmou a representante do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC, na sigla em inglês), Christina Oguz, com base no Informe de 2007 da entidade internacional. Christina denunciou que “hoje 90% do ópio produzido no país é convertido em heroína e morfina antes de ser vendido para o exterior”. Ainda segundo a ONU, em 2006 o narco-Estado imposto pela invasão de Bush forneceu cerca de 92% do abastecimento mundial de ópio – a “matéria-prima” para a fabricação da heroína. Até 2004, segundo o “Los Angeles Times”, o país “era conhecido como um exportador de ópio, não um dos maiores produtores de heroína”.

Um ano antes da invasão, decreto do governo do Mulá Omar, em novembro de 2000, época do cultivo da papoula, flor da qual é extraído o ópio, baniu seu plantio. O decreto, reforçado por édito religioso considerando o ópio contrário aos princípios do Islã, cortou a produção de ópio de 3.100 toneladas para “virtualmente nada” na primeira metade de 2001. O banimento foi confirmado por uma equipe de 12 especialistas da ONU, que esteve no país na época da colheita. “Não estamos apenas fazendo conjecturas. Nós vimos as provas nos campos”, afirmou então o diretor regional do Programa da ONU, Bernard Frahi. Ele apresentou fotos de “vastos tratos de terra cultivados com trigo, junto com fotos dos mesmos campos, um ano antes: um mar de papoulas vermelho-sangue”, de acordo com o jornalista Richard Lloyd Parry. Após cinco anos de ocupação, sob proteção armada de marines e soldados da Otan, e suporte do governo fantoche, o “virtualmente nada” alcançou o nível recorde de 6.100 toneladas de ópio, também segundo o UNODC. Na mesma entrevista de Christina Oguz, a representante da ONU afirmou que “o refino é feito em centenas de laboratórios artesanais que recentemente surgiram no país. Quando se sobrevoa as zonas de produção, são vistas muitas colunas de fumaça nas alturas: são os laboratórios”. Nada menos de 37 mil soldados norte-americanos e da Otan bancam essa transformação do país em uma fábrica de entorpecentes.

BANDOS TRAFICANTES

Na verdade, o que o governo Bush tem feito é completar o trabalho iniciado por Reagan na década de 80, que tornou bandos de traficantes e a escória feudal nos seus “combatentes da liberdade” contra a revolução popular em curso, então, no Afeganistão. Reagan, por sua vez, prosseguia na senda aberta pela CIA nos anos 50, que usou os barões do ópio do chamado “Triângulo Dourado” asiático, para fazer finanças e montar atentados contra a vitoriosa revolução popular chinesa. Mais tarde, a CIA ampliou seu portfolio, acrescentando a Indochina nas suas “fontes” de suprimento e financiamento, no conhecido episódio do uso da “Air América”, uma empresa de fachada, para o transporte da droga. A máfia francesa cuidava de distribuir a heroína na Europa e nos próprios EUA. Nada muito diferente do que Reagan fez contra a Nicarágua sandinista, agora usando os traficantes e a cocaína da Colômbia – o notório escândalo Irã-Contras. Dinheiro para a CIA, armas para os contras (e de lambuja, para o Irã em guerra com o Iraque) e os bairros negros dos EUA afogados em cocaína e, depois, no crack. Então, apesar de toda a hipocrisia de seguidos governos dos EUA “contra a droga”, não surpreende que a ocupação do Afeganistão tenha restaurado sua condição de maior fornecedor de ópio, e agora, um dos maiores de heroína, do mundo.

Aliás, o governo fantoche é constituído, no básico, por gente do tipo do “presidente” Karzai, um laranja de uma petroleira que tem como projeto desviar o petróleo do Cáspio via Afeganistão, e mais os barões da droga, os tais “comandantes” da “luta contra os soviéticos”. Interessante artigo do “Los Angeles” de 2005 relatava as agruras de um policial afegão empenhado no combate ao tráfico, quando um dos principais traficantes do país é, o vice-ministro do Interior de Karzai, ‘general’ Mohamed Daud. Ou seja, um chefão do tráfico é que dirige o combate ao tráfico. Uma beleza. Outro traficante, Hazrat Ali, que ajudou muito os EUA na operação contra Bora Bora em 2001, virou chefe de polícia de Jalalabad. Já a mídia imperial adora chamar os traficantes a serviço dos EUA de “warlords (chefes guerreiros)”. Outra denúncia é de que “60% das plantações de papoula estão em terras de propriedade do governo, alugadas pelas autoridades locais a particulares”, segundo Ayub Rafiqi, diretor da Sociedade de Proprietários de Terras de Kandahar, citado pela agência canadense CanWest News Service.

“VISTA GROSSA”

Naturalmente, numa situação em que o país está sob ocupação, e há postos de controle e operações ocorrendo por todo lado, tanto ópio – e heroína – só poderia circular rumo à “exportação” se os invasores e o “exército” colaboracionista fizessem vista grossa; ou escoltassem. A ligação visceral CIA-drogas é por demais conhecida; mas não é só esse submundo que lucra com a situação do Afeganistão submetido a maior produtor de ópio do mundo. “As Nações Unidas calculam que em 2006, a contribuição do tráfico de droga na economia afegã seja da ordem dos US$ 2,7 bilhões. O que não se menciona é que mais de 95% das receitas geradas por este lucrativo contrabando vão para as organizações de negócios, o crime organizado e as instituições da banca e das finanças principalmente norte-americanas e inglesas. Só uma pequena percentagem vai para os agricultores e comerciantes no país da produção”, afirmou o professor de Economia da Universidade de Ottawa, Canadá, Michel Chossudovsky, diretor do site Globalresearch.

O pesquisador canadense lembrou outra ação típica do invasor, registrada pelo jornal inglês “The Guardian”. “A ISAF [nome de fantasia da Otan no Afeganistão] transmitiu em abril deste ano o seguinte comunicado: ‘Respeitado povo de Helmand [província do sul]. Os soldados da ISAF e do Exército Nacional Afegão [lacaios] não destroem campos de papoula. Não querem impedir que as pessoas ganhem a vida’”. Os traficantes ajudam os invasores e os invasores ajudam os traficantes. Até uns serem expulsos a bala e outros serem pendurados nos postes. Ou, como disse em 2005 ao “LA Times” o policial Nyamatulah Nyamat, “nós temos a lista de identidades completa dos traficantes… mas não podemos prendê-los porque são eles que estão agora no poder, não nós”. Sob condição de anonimato, outra “autoridade” explicou ao “LA Times” a genial estratégia do governo Karzai, provavelmente sob supervisão de Washington, para enfrentar esse problema dos chefões locais do tráfico. “A idéia é não deixá-los mais nas províncias, mas trazê-los para posições oficiais – no mais alto nível – a fim de melhor poder controlá-los”. Mas a “autoridade”, segundo o jornal de Los Angeles, mostrou-se cético se a estratégia “funcionaria”.

ANTONIO PIMENTA
Hora do Povo

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