terça-feira, 24 de agosto de 2010
Sobre o Capitalismo
A melhor parte, para mim. é quando descrevem como um escândalo envolvendo leite adulterado pela Monsanto foi abafado na mídia corporativa.
Uma TIJOLADA!
Paz
Alexei
domingo, 22 de agosto de 2010
Tráfico de direita e tráfico de esquerda.
Mais uma censura histórica a que estamos submetidos.
É uma longa história.
Se esquecem que quem inventou o tráfico foi a inglaterra, no final do século XVIII, (exatamente enquanto este país implantava o capitalismo) com o transporte de ópio da índia para todo o sudeste asiático a preços baixos. No século XIX a inglaterra chegou a entrar em guerra contra a China para defender o tráfico de drogas, que na época era legal no ocidente. Ficou conhecido com o nome de "guerra do ópio". Isso teve continuidade no século XX com a aliança dos produtores de ópio com os anti-comunistas chineses; depois, quando Mao Tse-tung os expulsou da china, veio a ligação entre os produtores de heroína do "triangulo dourado" com as forças anti-comunistas no vietnã. Depois ainda tivemos a chamada "conexão francesa", uma rota de escoamento de heroína criada por traficantes do sul da frança e da sicília que, em troca da conivência das forças de segurança dos EUA e da europa, assassinava líderes de esquerda na itália e na frança. E, é claro, temos ainda a aliança entre EUA e os produtores de ópio do afeganistão, primeiro para expulsar a união soviética, e agora para enfrentar o Taleban, aliança essa que é peça central na guerra que segue seu curso agora mesmo enquanto falamos, muito embora nenhuma voz de indignação se levante em nossos meios de comunicação.
No nosso continente, só para citar alguns pontos, não podemos esquecer da aliança entre EUA e o ditador Manuel Noriega, que trabalhava para a CIA e ao mesmo tempo era um dos maiores traficantes de cocaína da década de 80. Também o escândalo Irã-contras, onde, entre outras coisas, dinheiro do tráfico era desviado para apoiar os "contras", a guerrilha direitista da nicarágua, com a importante ajuda dos EUA. Numa outra postagem nesse blog ja falei também que Pablo Escobar - que chegou a ser o maior traficante do planeta - era amigo íntimo de Álvaro Uribe, o ex-presidente direitista colombiano.
Incrivelmente todos estes temas permanecem "esquecidos" e só o que se fala, de novo e de novo e de novo, é na ligação do tráfico com as FARC, como um mantra, martelado sobre as pessoas.... no velho e conhecido estilo Goebbels.
Para que essa hipocrisia chegue ao fim é preciso revelar-se todas as verdades!
Uma por uma.
Em postagens futuras irei abordar mais a fundo cada um desses episódios listados acima.
Enquanto isso mando um artigo sobre a produção de heroína no afeganistão
Paz
Alexei
ONU: Afeganistão ocupado torna-se o centro da produção de heroína
21/07/2007 — rizzolotRelatório da ONU concluiu que “hoje 90% do ópio produzido no país é convertido em heroína e morfina antes de ser exportado”. Segundo o “Los Angeles Times”, até 2004 o país “era conhecido exportador de ópio, não como produtor de heroína”
“O Afeganistão já não exporta ópio bruto, mas diretamente heroína, refinada em laboratórios afegãos”, afirmou a representante do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC, na sigla em inglês), Christina Oguz, com base no Informe de 2007 da entidade internacional. Christina denunciou que “hoje 90% do ópio produzido no país é convertido em heroína e morfina antes de ser vendido para o exterior”. Ainda segundo a ONU, em 2006 o narco-Estado imposto pela invasão de Bush forneceu cerca de 92% do abastecimento mundial de ópio – a “matéria-prima” para a fabricação da heroína. Até 2004, segundo o “Los Angeles Times”, o país “era conhecido como um exportador de ópio, não um dos maiores produtores de heroína”.
Um ano antes da invasão, decreto do governo do Mulá Omar, em novembro de 2000, época do cultivo da papoula, flor da qual é extraído o ópio, baniu seu plantio. O decreto, reforçado por édito religioso considerando o ópio contrário aos princípios do Islã, cortou a produção de ópio de 3.100 toneladas para “virtualmente nada” na primeira metade de 2001. O banimento foi confirmado por uma equipe de 12 especialistas da ONU, que esteve no país na época da colheita. “Não estamos apenas fazendo conjecturas. Nós vimos as provas nos campos”, afirmou então o diretor regional do Programa da ONU, Bernard Frahi. Ele apresentou fotos de “vastos tratos de terra cultivados com trigo, junto com fotos dos mesmos campos, um ano antes: um mar de papoulas vermelho-sangue”, de acordo com o jornalista Richard Lloyd Parry. Após cinco anos de ocupação, sob proteção armada de marines e soldados da Otan, e suporte do governo fantoche, o “virtualmente nada” alcançou o nível recorde de 6.100 toneladas de ópio, também segundo o UNODC. Na mesma entrevista de Christina Oguz, a representante da ONU afirmou que “o refino é feito em centenas de laboratórios artesanais que recentemente surgiram no país. Quando se sobrevoa as zonas de produção, são vistas muitas colunas de fumaça nas alturas: são os laboratórios”. Nada menos de 37 mil soldados norte-americanos e da Otan bancam essa transformação do país em uma fábrica de entorpecentes.
BANDOS TRAFICANTES
Na verdade, o que o governo Bush tem feito é completar o trabalho iniciado por Reagan na década de 80, que tornou bandos de traficantes e a escória feudal nos seus “combatentes da liberdade” contra a revolução popular em curso, então, no Afeganistão. Reagan, por sua vez, prosseguia na senda aberta pela CIA nos anos 50, que usou os barões do ópio do chamado “Triângulo Dourado” asiático, para fazer finanças e montar atentados contra a vitoriosa revolução popular chinesa. Mais tarde, a CIA ampliou seu portfolio, acrescentando a Indochina nas suas “fontes” de suprimento e financiamento, no conhecido episódio do uso da “Air América”, uma empresa de fachada, para o transporte da droga. A máfia francesa cuidava de distribuir a heroína na Europa e nos próprios EUA. Nada muito diferente do que Reagan fez contra a Nicarágua sandinista, agora usando os traficantes e a cocaína da Colômbia – o notório escândalo Irã-Contras. Dinheiro para a CIA, armas para os contras (e de lambuja, para o Irã em guerra com o Iraque) e os bairros negros dos EUA afogados em cocaína e, depois, no crack. Então, apesar de toda a hipocrisia de seguidos governos dos EUA “contra a droga”, não surpreende que a ocupação do Afeganistão tenha restaurado sua condição de maior fornecedor de ópio, e agora, um dos maiores de heroína, do mundo.
Aliás, o governo fantoche é constituído, no básico, por gente do tipo do “presidente” Karzai, um laranja de uma petroleira que tem como projeto desviar o petróleo do Cáspio via Afeganistão, e mais os barões da droga, os tais “comandantes” da “luta contra os soviéticos”. Interessante artigo do “Los Angeles” de 2005 relatava as agruras de um policial afegão empenhado no combate ao tráfico, quando um dos principais traficantes do país é, o vice-ministro do Interior de Karzai, ‘general’ Mohamed Daud. Ou seja, um chefão do tráfico é que dirige o combate ao tráfico. Uma beleza. Outro traficante, Hazrat Ali, que ajudou muito os EUA na operação contra Bora Bora em 2001, virou chefe de polícia de Jalalabad. Já a mídia imperial adora chamar os traficantes a serviço dos EUA de “warlords (chefes guerreiros)”. Outra denúncia é de que “60% das plantações de papoula estão em terras de propriedade do governo, alugadas pelas autoridades locais a particulares”, segundo Ayub Rafiqi, diretor da Sociedade de Proprietários de Terras de Kandahar, citado pela agência canadense CanWest News Service.
“VISTA GROSSA”
Naturalmente, numa situação em que o país está sob ocupação, e há postos de controle e operações ocorrendo por todo lado, tanto ópio – e heroína – só poderia circular rumo à “exportação” se os invasores e o “exército” colaboracionista fizessem vista grossa; ou escoltassem. A ligação visceral CIA-drogas é por demais conhecida; mas não é só esse submundo que lucra com a situação do Afeganistão submetido a maior produtor de ópio do mundo. “As Nações Unidas calculam que em 2006, a contribuição do tráfico de droga na economia afegã seja da ordem dos US$ 2,7 bilhões. O que não se menciona é que mais de 95% das receitas geradas por este lucrativo contrabando vão para as organizações de negócios, o crime organizado e as instituições da banca e das finanças principalmente norte-americanas e inglesas. Só uma pequena percentagem vai para os agricultores e comerciantes no país da produção”, afirmou o professor de Economia da Universidade de Ottawa, Canadá, Michel Chossudovsky, diretor do site Globalresearch.
O pesquisador canadense lembrou outra ação típica do invasor, registrada pelo jornal inglês “The Guardian”. “A ISAF [nome de fantasia da Otan no Afeganistão] transmitiu em abril deste ano o seguinte comunicado: ‘Respeitado povo de Helmand [província do sul]. Os soldados da ISAF e do Exército Nacional Afegão [lacaios] não destroem campos de papoula. Não querem impedir que as pessoas ganhem a vida’”. Os traficantes ajudam os invasores e os invasores ajudam os traficantes. Até uns serem expulsos a bala e outros serem pendurados nos postes. Ou, como disse em 2005 ao “LA Times” o policial Nyamatulah Nyamat, “nós temos a lista de identidades completa dos traficantes… mas não podemos prendê-los porque são eles que estão agora no poder, não nós”. Sob condição de anonimato, outra “autoridade” explicou ao “LA Times” a genial estratégia do governo Karzai, provavelmente sob supervisão de Washington, para enfrentar esse problema dos chefões locais do tráfico. “A idéia é não deixá-los mais nas províncias, mas trazê-los para posições oficiais – no mais alto nível – a fim de melhor poder controlá-los”. Mas a “autoridade”, segundo o jornal de Los Angeles, mostrou-se cético se a estratégia “funcionaria”.
ANTONIO PIMENTA
Hora do Povo
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Liberdade para os presos politicos dos EUA!
Não se surpreenda se você nunca ouviu falar em Leonard Peltier. Ele é apenas um dos muitos presos políticos norte americanos que a nossa grande imprensa "esqueceu" de noticiar todos esses anos. Peltier é de etnia Sioux, e um dos líderes do movimento indígena americano. Está preso desde 1977 acusado sem provas por um crime que não cometeu. Lá se vão 33 anos atrás das grades por defender os direitos indigenas contra os interesses econômicos dos criadores de gado. De nada adiantaram os apelos de prêmios nobel como Desmond Tutu, Rigoberta Menchu e o Dalai Lama. Peltier continua preso, isolado e ignorado pela mídia.
O artigo abaixo é de 2002, e eu copiei da biblioteca diplô: http://diplo.org.br/2002-12,a497
Antes, porém, postei aqui um clipe histórico. A música "Freedom" do Rage against the machine, dedicada à luta pela liberdade de Leonard Peltier
Lista de de Presos Políticos do EUA
- Abdullah, Haki Malik
- Abu-Jamal, Mumia
- Acoli, Sundiata
- Simms, Charles
- Sims, Debbie
- Orr, Delbert Orr
- Goodman, Edward
- Holloway, Janet
- Phillips, Janine
- Davis, Michael
- Phillips, William
- Al-Amin, Jamil Abdullah
- Azania, Zolo
- Barnes, Grant
- Bell, Herman
- Block, Nathan
- Bomani Sababu, Kojo
- Bowen, Joseph
- Bowers, Veronza
- Buck, Marilyn
- Burton, Fred "Muhammad"
- Campa, Rubén
- Chubbuck, Byron Shane (Oso Blanco)
- Conway, Marshall Eddie
- Dunne, Bill
- Fitzgerald, Romaine “Chip”
- Ford, Patrice Lumumba
- Gilbert, David
- González Claudio, Avelino
- González, René
- Guerrero, Antonio
- Hayes, Robert Seth
- Hernández, Alvaro Luna
- Hernández, Gerardo
- Hilton, Freddie (Kamau Sadiki)
- Hoover, Larry
- Ka'bah, Abdullah Malik (aka Jeff Fort)
- Kambui, Sekou
- Khabir, Maumin (aka Melvin Mayes)
- Kjonaas, Kevin
- Koti, Mohamman Geuka
- Laaman, Jaan Karl
- Lake, Richard Mafundi
- Langa, Mondo We
- Latine, Maliki Shakur
- López Rivera, Oscar
- Magee, Ruchell Cinque
- Majid, Abdul
- Manning, Thomas
- McDavid, Eric
- McGowan, Daniel
- Medina, Luís
- Muntaqim, Jalil
- Odinga, Sekou
- Paul, Jonathan
- Peltier, Leonard
- Pinell, Hugo "Dahariki"
- Poindexter, Ed
- Powell, Reverend Joy
- Rodríguez, Luis V.
- Shabazz Bey, Hanif
- Shakur, Mutulu
- Shoats, Russell Maroon
- Stewart, Lynne
- Torres, Carlos Alberto
- Torres, Francisco
- Tyler, Gary
- Wallace, Herman
- Waters, Briana
- Watson, Gary
- Woodfox, Albert
- Zacher, Joyanna
Paz
Alexei
O caso Leonard Peltier
Desde 1977, Leonard Peltier, índio da tribo Sioux, está preso nos Estados Unidos. Com 58 anos, cumpre dupla pena perpétua, acusado pelo assassinato de dois agentes do FBI. Há 25 anos, proclama sua inocência. Não existe prova alguma de sua culpa
Jean-Marc Bertet - (01/12/2002)
Falar dos índios norte-americanos equivale, muitas vezes, a falar em estereótipos: penas, bisões, tendas etc... Em 2002, vivem nos Estados Unidos cerca de três milhões de índios, sobreviventes do genocídio cometido pelos colonos e militares norte-americanos no século XIX. A realidade de sua vida quotidiana está muito longe de todos esses clichês folclóricos. A maioria desses povos passa por dificuldades econômicas e problemas sociais decorrentes da perda de referências de identidade; o que leva a uma alta incidência de alcoolismo em muitas tribos. Apesar desses aspectos negativos, os índios continuam sendo sobreviventes da história. Nos últimos 30 anos, uma renovação cultural, social e econômica surgiu nas diferentes tribos e reservas. Em conseqüência de suas lutas permanentes, esses esquecidos das Américas conseguiram uma certa melhoria em seu destino.
Essas lutas se travam no dia-a-dia dos centros comunitários das grandes cidades ou nas reservas, longe do noticiário, o que contribui para o esquecimento de sua causa. Lutam pelo reconhecimento de suas culturas, de suas línguas, de sua identidade. Essas lutas se deram, por diversas vezes, de forma violenta.
Nasce o Movimento Indígena
A luta dos índios norte-americanos trava-se no dia-a-dia, nos centros das grandes cidades, ou no esquecimento das reservas, para onde foram confinados
Inicialmente, é lógico, no século XIX, quando tentaram preservar seus territórios. Foi esse o caso dos Sioux, em especial, um dos povos mais poderosos da América do Norte, que fez contato com os europeus, a partir de 1760, por intermédio dos caçadores de peles franceses. Estes eram tão numerosos que deixaram herdeiros: isso explica o grande número de sobrenomes franceses entre os índios, tais como Leonard Peltier.
A partir de 1854, os Sioux entraram em guerra com o exército norte-americano, tentando deter o avanço dos colonos. Durante 25 anos, conduzidos por chefes lendários como Sitting Bull (Touro Sentado), Red Cloud (Nuvem Vermelha) e Crazy Horse (Cavalo Doido), resistiriam ao exército, infligindo-lhe a famosa derrota de Little Big Horn, em 1876, na qual morreu o general Custer. Após a morte de Crazy Horse, em 1877, a rendição definitiva de Red Cloud e o assassinato de Sitting Bull, em 1890, o massacre de Wounded Knee, ocorrido em dezembro do mesmo ano, pôs fim à resistência dos Sioux.
Confinados em reservas nos Estados de Dakota do Sul e do Norte, os Sioux passariam pela humilhação, miséria, aculturação e expropriação. Mas o espírito de resistência não os abandonou. Em 1934, uma nova lei – apresentada como mais favorável – criou “governos tribais” eleitos pelos índios. Na verdade, esses “governos” não representavam as verdadeiras aspirações do povo Sioux. Na década de 50, muitos índios foram obrigados a partir para as cidades. Principalmente os jovens, que se inspiraram na contestação política daquela época (Panteras Negras, porto-riquenhos, chicanos, opositores à guerra do Vietnã...) e criaram, em 1968, seu próprio movimento de reivindicação, o American Indian Movement (AIM, Movimento dos Indígenas Norte-americanos). Tomando por modelo o movimento dos direitos civis dos negros, o AIM ganhou rapidamente um impulso considerável.
Contra-espionagem de Nixon
Em meados do século XIX, a nação dos índios Sioux, por exemplo, um dos povos mais poderosos da América do Norte, lutava para preservar seus territórios
Leonard Peltier aderiu ao movimento logo no início1. Como militante, participou da luta contra o alcoolismo, da distribuição de alimentação e de ajuda, da criação de programas de auto-suficiência, da restauração das atividades religiosas tradicionais e em apoio ao renascimento das línguas autóctones.
O AIM pretendia chamar a atenção para as condições de vida dramáticas dos índios com ações espetaculares, mas não-violentas. Peltier participou, em 1970, da ocupação do Forte Lawton, onde conheceu os principais dirigentes do movimento: Dennis Banks e Russel Means. Em 1972, organizou a Marcha dos Tratados Violados, que terminou com a ocupação da Secretaria de Assuntos Indígenas, em Washington, e uma espetacular repercussão na imprensa. A partir de então, o AIM seria considerado pelo FBI como uma organização “subversiva” e seus líderes, como “inimigos”.
O governo do presidente Richard Nixon criou então o programa de contra-espionagem interna Cointelpro, para infiltrar e desestabilizar as chamadas organizações “subversivas”, entre as quais, o AIM. Em novembro de 1972, acusado de agredir agentes do FBI, Leonard Peltier ficou preso durante cinco meses, antes de ser absolvido, já que o caso fora forjado para comprometê-lo. Foi o início.
O tiroteio de Oglala
Na década de 50, muitos índios, principalmente os jovens, inspiraram-se na contestação política da época e criaram o American Indian Movement (AIM)
Ao mesmo tempo, o FBI manipulou a eleição para a presidência do conselho tribal de Pine Ridge (a principal reserva dos Sioux) de Richard “Dick” Wilson, um “entreguista” que foi eleito com os votos de menos de 20% dos eleitores.. Este teria por missão restaurar a ordem na reserva, considerada o ninho dos “agitadores”. Com fundos secretos, Wilson criou uma milícia, os Goon Squads (Guardians Of Oglala Nation – GOON, ou Guardiães da Nação Oglala). Para protestar contra a brutalidade dos Goon Squads, os Sioux, com a ajuda de militantes do AIM, ocuparam, em fevereiro de 1973, a histórica aldeia de Wounded Knee. Leonard Peltier participou dessa ação. As autoridades sitiaram a aldeia durante três meses, hesitando em invadi-la, e acabaram por matar dois Sioux. Em maio de 1973, os sitiados se renderam após exigir a abertura de negociações sobre os tratados violados e sobre as condições de vida dos índios. Nos meses que se seguiram, “Dick” Wilson e seus Goons tiveram carta branca para atacar os adversários. Uma onda de terror abateu-se sobre Pine Ridge: 80 militantes foram assassinados entre novembro de 1973 e o final de 1975... Diante dos crimes das milícias, os anciãos da tribo pediram ajuda ao AIM. Os militantes – entre eles, Leonard Peltier – intervieram, conseguindo reduzir consideravelmente a repressão dos Goons. Instalaram-se na propriedade de uma família amiga, perto da aldeia de Oglala, na reserva de Pine Ridge.
Numa manhã de junho de 1975, a propriedade foi cercada por Goons, agentes do FBI e uma tropa de policiais. Por volta de 11h30, dois agentes federais, Ronald William e Jack Cooler, penetraram na propriedade perseguindo um jovem Sioux, Jimmy Eagle. A partir desse momento, os depoimentos tornam-se confusos. Ao que parece, os agentes atiraram no veículo dirigido por Eagle. Acreditando se tratar de uma ação dos Goons, os militantes revidaram. As forças policiais e os Goons passaram ao ataque. Houve tiroteio de todos os lados. Dois militantes do AIM tentaram se aproximar de William e Cooler para desarmá-los. Encontraram-nos já mortos...
Campanha de desinformação
Em 1972, o AIM organizou a Marcha dos Tratados Violados: foi considerado pelo FBI como uma organização “subversiva” e seus líderes, como “inimigos”
Os militantes do AIM decidiram fugir e, contra toda expectativa, conseguiram. Só um jovem Sioux, Joe Suntz Killsright, foi morto. Leonard Peltier sempre sustentou ter ficado perto da casa e ter disparado, sem, no entanto, ter mirado William ou Cooler.
Após o tiroteio, uma gigantesca campanha da imprensa tentou incriminar o movimento indígena. A repressão abateu-se sobre todas as reservas. Quatro ordens de prisão foram emitidas contra Jimmy Eagle, Dino Butler, Bob Robideau e Leonard Peltier. Butler e Robideau foram rapidamente presos. Temendo por sua vida, Peltier fugiu para o Canadá.
Butler e Robideau foram julgados no Estado de Iowa. Um júri popular os absolveu, provocando a fúria das autoridades que passaram, então, a centrar seus esforços contra Leonard Peltier, único acusado de duplo homicídio e cuja extradição do Canadá o FBI conseguiria.
Seu processo correu na cidade de Fargo (Dakota do Norte), região de criadores de gado, hostis aos índios. Aliás, o júri foi inteiramente composto por representantes dessa categoria social. Uma campanha de desinformação foi lançada. Falava-se de ameaças de atentados e de ações armadas de militantes do AIM para libertar Peltier... Expostos a essa paranóia geral, os membros do júri foram transportados em furgões blindados e isolados em lugares seguros...
Julgamento sob medida
O FBI manipulou a eleição para a presidência do conselho tribal da reserva de um “entreguista”, eleito com os votos de menos de 20% dos eleitores...
O juiz decidiu não aceitar depoimentos da defesa em relação ao clima de terror da época, bem como os que pudessem questionar o FBI ou os Goons. Não queria que se voltasse a mencionar fatores que haviam permitido a absolvição de Butler e Robideau.
Em compensação, não recusou os depoimentos de agentes que diziam ter visto Peltier atirar com um fuzil AR15 em William e Cooler. Um outro agente afirmou ter identificado Peltier graças à lente de seu fuzil. Os advogados de Peltier demonstraram que era impossível identificar quem quer que fosse do lugar onde aquele agente se encontrava. O juiz não aceitou objeção alguma por parte da defesa. E, com base em dados pouco nítidos e contraditórios, condenou Leonard Peltier a uma dupla prisão perpétua. Peltier recorreu, mas o tribunal confirmou a sentença.
Em 1981, a obtenção de novos documentos iria permitir uma nova série de recursos. Um perito em armas confirmou perante o tribunal que o fuzil AR15 que servira para acusar Peltier não podia ser a arma que havia matado os agentes, pois as cápsulas das balas não conferiam...
Em seu julgamento de 22 de setembro de 1986, o Tribunal de Recursos concluiu que o relatório de balística fornecido na época do processo era “suspeito”, declarando que a nova prova criava apenas a “possibilidade”, e não a “probabilidade” de que Peltier tivesse matado os agentes, admitindo ainda que este fato “poderia ter mudado a sentença do primeiro processo”. No entanto, confirmou-a!
O crime de lutar pelos direitos
Cada vez é mais óbvio que o verdadeiro crime de Leonard Peltier é o de ser indígena e ter cometido o erro de lutar pelos direitos essenciais dos índios
Em 1987, a Corte Suprema recusou-se a se pronunciar sobre o caso. Em 1993, o Conselho de Liberdade Condicional recusou um pedido de soltura. Por ocasião de uma nova audiência, em 1995, Peltier foi defendido por Ramsey Clark, ex-ministro da Justiça e o procurador Lynn Crook reconheceu “não existir prova alguma contra Leonard Peltier”! Acrescentou que o governo “nunca o acusou, de fato, de homicídio direto” e que, em caso de novo julgamento, “a justiça não poderia voltar a condená-lo”. Contudo, o Conselho de Liberdade Condicional entendeu que não poderia libertar Peltier, pois este continuava a clamar sua inocência, o que “não é compatível com a decisão do júri”.
Só restava o indulto presidencial. Em 1996, Clinton afirmou: “Não esquecerei Leonard”, mas no final de 2000, após a eleição de George W. Bush, nada fez. Não sendo Bush amigo das minorias indígenas, a esperança de ver Leonard Peltier recuperar a liberdade diminui.
Com o apoio do Congresso Nacional dos Indígenas da América do Norte, do Conselho Nacional das Igrejas, da Anistia Internacional e de personalidades como o subcomandante Marcos, Nelson Mandela, o bispo Desmond Tutu, Rigoberta Menchu, o Dalai Lama e mais dezenas de milhares de pessoas do mundo inteiro, a opinião pública continua lutando pela revisão do processo2. Porque é cada vez mais evidente que o verdadeiro crime de Leonard Peltier - “United States Prisoner 89637-132” – é o de ser indígena e ter cometido o erro de lutar pelos direitos essenciais desses primeiros povos, com quem os Estados Unidos ainda não quitaram sua dívida histórica3. Inúmeros etnólogos e amigos dos índios participam dessa luta4, que é a da dignidade roubada a um homem devido ao seu engajamento político e à sua origem étnica.
(Trad.: Marinilzes Mello)
1 - Ler, de Leonard Peltier, Ecrits de prison. Le combat d’un Indien (prefácio de Danielle Mitterrand e de Ramsey Clark), ed. Albin Michel, Paris, 2000. Uma magnífica peça de teatro, Ma Vie est ma Danse du Soleil, foi baseada nesse livro. A editora Albin Michel decidiu reverter a totalidade dos lucros obtidos com a venda do livro à Comissão de Defesa de Leonard Peltier, em apoio à campanha por sua libertação.
2 - Existe um Comitê Internacional de Defesa de Leonard Peltier: Leonard Peltier Defense Comitee (LPDC). Endereço: LPDC-International Office, PO Box 583, Lawrence, Kansas 66044, Estados Unidos. e-mail: lpcd@freepeltier.org
3 - Foram rodados dois filmes sobre o “caso Peltier”: Incident à Oglala, um documentário de Michael Apted, e Cœur de Tonnerre, com Val Kilmer, Graham Green e Sam Sheppard.
4 - Na França, o Comitê de Apoio aos Indígenas da América (CSIA), site: www.csia-nitassinan.org) e o Comitê de Defesa de Leonard Peltier, site: (www.freepeltier.org) dispõem de informações e ações previstas na defesa de Peltier.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Maquinas de matar (a si mesmos)
Aqui mais uma não-notícia que a mídia continua não-noticiando. O altíssimo indice de suicídio entre soldados e ex-soldados dos EUA. Fico me perguntando: Como a guerra pode ser coisa tão abominável e nojenta e mesmo assim permitimos que se perpetue tanto....???
Fico com a mensagem eterna de John Lennon "War is over (if you want it)" Dê uma chance para a paz, cara!
Paz e amor!
Alexei
Baixas silenciosas
Por Redação, 16.08.2010Produzem-se em silêncio e segredo entre os efetivos estadunidenses que combatem ou combateram nas guerras que W. Bush lançou e Barack Obama continua. Junho foi o mês mais cruel: suicidaram-se 32 soldados, um número superior ao de qualquer mês da guerra do Vietnã. Onze não estavam em atividade e sete dos restantes cumpriam serviço militar no Iraque e/ou Afeganistão. São cifras oficiais (www.defense.gov, em 15/07/2010). Em 2009 245 efetivos ceifaram suas próprias vidas e a cifra este ano pode ser superada: 145 se suicidaram no primeiro semestre e 1713 tentaram-no, sem êxito. A taxa é mais alta que a da correspondente [aos suicídios] na população civil dos EUA.
O militar Tim Embree testemunhou em 25 de fevereiro, ante a Comissão de Assuntos relativos aos Veteranos da Câmara de Representantes. Declarou em nome dos 180 000 associados de Veteranos Estadunidenses do Iraque e do Afeganistão (IAVA, em sua sigla em inglês), países aos quais foi enviado para combater duas vezes:
“No ano passado mais efetivos tiraram suas próprias vidas do que morreram em combate no Afeganistão – assinalou. A maioria de nós conhece um companheiro que o fez ao regressar para casa e os números não incluem sequer a quem se suicida quando termina seu serviço: estes estão fora do sistema e suas mortes podem ser ignoradas” (www.iava.org, 15-7-10).
Talvez não fossem seres humanos,mas apenas material descartável.
Embree recordou as cifras publicadas pelo semanário Army Times, que divulga notícias do exército e possibilidades de carreira na instituição:
“18 veteranos se suicidam a cada dia e se registra uma média mensal de 950 tentativas de suicídio entre veteranos que recebem do departamento federal correspondente algum tripo de tratamento (www.armytimes.com, 24/04/2010)”.
Trata-se de veteranos de todas as guerras que os EUA desencadeou em terras estrangeiras e padecem, em geral, de PTSD [Post-Traumatic Stress Disorder]. Antes se chamava de neurose de guerra ou fatiga de combate ou choque e ainda outros nomes. O PTSD reúne todos esses sintomas.
A publicação mensal Archives of General Psychiatry divulgou uma pesquisa independente sobre 18 300 soldados examinados depois de terem voltado do Iraque há três meses ou há um ano: de 20 a 30% sofriam de PTSD e uma depressão profunda abatia a 16% (www.archpsyc.amaasn.org, junho de 2010). A dificuldade dos veteranos em se reintegrarem à vida civil, a violência doméstica que protagonizam, os casamentos desfeitos, a drogadicção e os suicídios se explicam. Em fins de 2009, segundo dados do Departamento de Veteranos do governo, mais de 537 mil dos 2,04 milhões que serviram no Iraque e no Afeganistão solicitaram atendimento médico (www.ptsd.va.gov, fevereiro 2010).
A dificuldade se agrava porque regressam a um país com um desemprego cada vez maior. Segundo uma investigação da IAVA, 14,7% dos veteranos são desocupados, índice 5% superior à media nacional (www.iava.org, 2/4/2010). Assim, o número dos que perderam suas casas aumenta. Um informe da Coalizão Nacional dos Sem-Teto [National Coalition for the Homeless] indica que 33% vive nas ruas e que um milhão e meio corre o risco de ficar sem teto devido à pobreza e à falta de amparo do estado (www.nchv.org, setembro de 2009). Estão ausentes dessas cifras os veteranos fisicamente incapacitados de buscar e manter um trabalho.
Kevin e George Lucey, pais de um soldado que tirou a própria vida contaram uma das tantas histórias que os números escondem. Em 22 de junho de 2004 seu filho, Jeff, de 23 anos se jogou do sótão da casa (www.democracynow.org, 8/9/2010). Era cabo do corpo de fuzileiros [mariners] e tinha regressado do Iraque em julho do ano anterior. A mãe relatou que um mês depois de ter começado a participar da invasão enviava cartas para a sua noiva, nas quais dizia das “coisas imorais” que ele estava fazendo. Uma vez em casa, Jeff começou a falar frases desconexas sobre Nasiriya, a cidade a sudeste de Bagdá em que teve lugar a primeira grande batalha dos invasores contra o exército regular iraquiano. Um dia recebeu sua irmã Amy com lágrimas nos olhos, dizendo-lhe que era um assassino. Antes de se suicidar, deixou sobre sua cama as chapas de identificação dos efetivos iraquianos que havia matado, ainda que eles estivessem sem armas. Jeff costumava observá-las com frequência.
Os psiquiatras e psicólogos militares carecem de conhecimentos para enfrentar essas enfermidades. Mark Russel, comandante da Marinha especializado em enfermidades mentais descobriu que 90% do pessoal que cumpre essas funções não tem a formação necessária para atender aos casos de PTSD. Limitam-se a prescrever drogas como Paroxetina, Prozac ou Gabapentina [Neurontin], que acentuam e até produzem os sintomas, e a devolverem os soldados a suas unidades (www.usatoday.com, em 17/1/2007).
Na segunda-feira passada (9/8) o presidente Obama disse ante uma convenção de veteranos incapacitados em Atlanta que seu governo estava tomando os máximos esforços para prevenir o suicídio e outras consequências do PTSD. Para o pai de Jeff, isso é pura hipocrisia.
(*) Artigo escrito por Juan Gelman, no sítio do Página/12. Republicado pela Carta Maior.
domingo, 15 de agosto de 2010
As verdades desconfortáveis do Afeganistão
Reproduzo artigo de Mumia Abu Jamal, publicado no jornal Hora do Povo. O não-assunto do momento é o Wikileaks:
Paz!
Alexei
Wikileaks, Afeganistão e imprensa imperial

A publicação de mais de 70.000 documentos da Guerra no Afeganistão foi recebida pela maioria das corporações dos meios de comunicação, no melhor dos casos, como algo mortificante; e no pior, como um ato de traição.
As idéias expressadas por esses meios revelam a mesma mentalidade que agitou a nação e a levou à guerra depois do 11 de Setembro. Meios de comunicação atuando de serviçais do poder presidencial. Meios de comunicação capachos das indústrias da guerra - e do império.
Julián Assange, editor-principal da Wikileaks, foi duramente castigado por não se preocupar suficientemente com os soldados norte-americanos nem pelos alcaguetes afegãos.
Outra ofensa sua? Publicar o número de civis afegãos mortos por tropas dos Estados Unidos. Para a maioria dos meios de comunicação isso é um tabu.
Assim são os meios de comunicação do império.
Do jeito como vão as coisas, as corporações norte-americanas de mídia rapidamente estão se transformando numa espécie em franco processo de extinção, porque cada vez menos gente assiste às noticias na televisão ou lê jornais. Além disso, a juventude encabeça essa tendência. Segundo algumas reportagens, a média dos jornais nos Estados Unidos perde pelo menos 10% de seus leitores a cada ano.
Se a tecnologia indubitavelmente joga um papel nesse processo, a falta de confiança nas reportagens tem que ser também um fator.
Seu patriotismo de bandeirinha, sua música militar e suas mentiras levaram à nação aos desastres no Iraque e Afeganistão.
Quando algo como Wikileaks aparece em cena, com documentos frescos dos campos de batalha, a mídia corporativa soa como algo supérfluo.
E agora, como famintos pit bulls, atacam a Wikileaks por não tomar parte no seu jogo imperial.
Eles ladram... mas a Wikileaks está mordendo.
* Mumia Abu Jamal, jornalista e militante negro anti-racista, é o principal preso político dos EUA. Acusado sem provas pela morte de um policial, em dezembro de 1981, ele foi condenado à pena de morte – sentença convertida, em março de 2008, para prisão perpétua.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
A mãe de todas as monstruosidades
RECOMENDO!!!!
Paz
Alexei
MISTÉRIOS DE 11 DE SETEMBRO
domingo, 8 de agosto de 2010
Filme sobre armas que não deveriam existir
Beyond Treason
Documentário: Entrevistas com médicos e veteranos de guerra dos EUA sobre o uso criminoso de Urânio Depletado, guerra biológica, armas químicas, e outras barbaridades do tipo.
Absolutamente revoltante!
Além de todas as informações escandalosas, merece destaque outro aspecto neste filme norte-americano. Numa atitude, ao meu ver bastante criticável, ele se mantém fiel ao aspecto isolacionista e nacionalista da cultura americana tanto que este filme não se foca no mal causado por estas armas sobre outros povos, mas sobre como estas armas causam danos à saúde de seus próprios soldados. Tristemente, o diretor sabia que mostrar a forma como milhares de crianças estão nascendo com deformidades no iraque (para que se possa roubar o seu petróleo) não iria causar grande comoção no público norte americano. Muito pior pra eles são os inúmeros casos de câncer diagnosticados entre veteranos do próprio exército americano que foram pra lá fazer o serviço sujo pra eles.
Eu aqui fico pensando que se isso é o que eles são capazes de fazer com seus próprios soldados, imaginem o que essa gente não é capaz de fazer contra aqueles que chamam "inimigos".
Paz!
Alexei