Você sabia que, até hoje, a coca-cola, um dos maiores símbolos dos EUA, usa como um de seus ingridientes a folha de coca? Você sabia que as folhas são exportadas LEGALMENTE por meio de um tratado da ONU pela empresa americana Stepan Inc. diretamente de uma empresa do Peru chamada ENACO? Você sabia que todos nós, adultos velhos e crianças, ao bebermos nosso inocente refrigerantezinho "made in USA", estamos fazendo parte do ciclo de consumo da folha de coca? Pois trate de saber. Se soubéssemos, talvez José Serra não teria tido coragem de ser tão hipócrita ao criticar Evo Morales e seu povo. Vamos deixar de análises rasas e preconceituosas. Por que a Coca-Cola pode mas os "descendentes dos índios" não podem? Toda essa estória está muito mal contada.
Estou postando abaixo um artigo da Newsweek que fala rapidamente do assunto. Mas o texto mais esclarecedor é este artigo do site JSTOR. http://www.jstor.org/stable/3875615?cookieSet=1
Quem puder dê uma conferida.
O extrato de folha de coca usado pela coca-cola é o "merchandise No5". Exatamente o que é retirado da folha não está claro, mas os envolvidos afirmam que a cocaína foi extraida da formula..... É claro. Senão beber coca-cola faria as pessoas darem positivo num teste anti-cocaína. Mas então, se há tantos aromatizantes no mundo, porque precisam usar precisamente o aromatizante extraído da folha de coca? O que essa folha tem de especial? E, afinal de contas, porque a fórmula da Coca-cola é mantida assim em tanto segredo? Diz o artigo que a Coca-Cola tem relações diretas com a perseguição ao tráfico no Peru
Postarei o artigo, em inglês, da Newsweek, mas antes um artigo em português da BBC brasil de 2005. Desde então a notícia simplesmente morreu. Enquanto você lê, faça-se a pergunta: "por que essas coisas são tão pouco faladas? Por que um artigo desses simplesmente é deixado de lado e esquecido? Por que a Coca-cola simplesmente afirma que eles retiram a cocaina da coca e todos simplesmente aceitam isso e ESQUECEM o assunto?"
Sabe o que eu gostaria de ver? Eu gostaria de ver um dia uma propaganda da Coca-cola com índios peruanos. Ia ser bem interessante.
Enquanto isso bebemos o nosso refrigerante de folha de coca mergulhados em ignorância, afinal de contas "coca-cola é isso aí".
Abraços
Alexei.
EUA são os maiores compradores legais de coca no mundo
ROGÉRIO WASSERMANNda BBC Brasil, em Londres
As restrições à coca impostas pelas convenções internacionais não impedem a existência de um comércio internacional legal do produto, no qual os Estados Unidos são os principais compradores.
De acordo com dados das Nações Unidas, que fiscalizam esse comércio legal, os Estados Unidos devem importar em 2006 cerca de 120 toneladas de folhas de coca, ou 98,8% de todas as folhas de coca que devem ser comercializadas legalmente no mercado internacional neste ano.
Esta demanda americana pelas folhas de coca é alimentada pelo uso da planta como base para a fabricação de um aromatizante utilizado na preparação da Coca-Cola. O aromatizante é obtido após a retirada do alcalóide cocaína, para garantir que o produto final não tenha nenhum traço da droga.
A utilização da coca como base para aromatizantes é permitida graças à existência de um artigo específico na Convenção Única das Nações Unidas sobre Narcóticos, de 1961, que diz que o uso de folhas de coca deve ser permitido "para a preparação de agente aromatizante, que não deve conter nenhum alcalóide" e que "na medida necessária para tal uso" deve ser permitida a "produção, importação, exportação, comércio e posse de tais folhas".
A mesma convenção reconhecia em outro artigo o uso tradicional da coca, mas estabelecia um prazo de 25 anos para que o hábito de mascar as folhas fosse abolido.
A proibição ao comércio internacional de coca abrange, por exemplo, os chás industrializados à base da folha, largamente consumidos nos países andinos.
Reclamação
Em entrevista à BBC logo após sua eleição à Presidência da Bolívia, no mês passado, Evo Morales reclamou da limitação imposta pela convenção aos países andinos.
"A coca é legal na Bolívia. Quem diz que é ilegal? Estou falando da comunidade internacional, e repito, não é possível que a coca seja legal para a Coca-Cola e ilegal para a comunidade andina. É preciso revalorizar a folha", disse Morales.
Segundo dados do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, existem hoje três empresas no país autorizadas a importar folhas de coca. Uma delas, Stepan Chemical, é responsável desde 1903 pela fabricação, para a Coca-Cola, de um aromatizante incluído na fórmula do refrigerante.
A cocaína retirada das folhas pela empresa durante o processo de fabricação do aromatizante é vendida em parte para pesquisas ou usos médicos. Outra parte acaba destruída.
Dados do comércio
Os últimos dados disponíveis sobre o comércio efetivo de coca indicam que os Estados Unidos importaram 114,2 toneladas de coca em 2002, ou 99,1% de toda a coca comercializada legalmente naquele ano. Além dos Estados Unidos, apenas a Itália comprou coca legalmente em 2002 - apenas uma tonelada.
Em 2001, os Estados Unidos haviam comprado 175,3 toneladas do produto - 99,7% do total comercializado internacionalmente. Naquele ano somente a Holanda também importou folhas de coca legalmente - 500 quilos.
O Peru e a Bolívia são os únicos países com permissão para exportar legalmente folhas de coca, mas desde 2000 somente o Peru vende internacionalmente o produto, de acordo com os dados da ONU.
A exportação legal existente hoje representa, porém, uma parcela muito pequena da produção de coca nos países andinos. Segundo um relatório do Escritório das Nações Unidas contra Droga e Crime, a produção potencial de coca na Bolívia em 2004 era de 25 mil toneladas de folhas, enquanto o Peru poderia produzir até 70 mil toneladas.
A Colômbia, maior produtor mundial de coca, mas cujos cultivos são ilegais em sua totalidade, tinha uma produção potencial de 149 mil toneladas de folhas em 2004
Just Say Coca
Bolivian president Evo Morales recently implored the United Nations to give the coca leaf a new life. A former coca farmer himself, Morales asked the General Assembly to focus on coca's possible future as the raw material for a lucrative consumer-goods industry--not its nefarious present, as the source of the international cocaine trade. "This is the coca leaf, it is green, and not white like cocaine," Morales lectured, waving one limp little leaf at the hall of surprised dignitaries. Why, he demanded, is it "legal for Coca-Cola" but not other consumer or medicinal uses?
Morales is campaigning to roll back a 45-year-old U.N. ban on trade in coca. He wants to expand trade in legal, nonnarcotic coca products, from tea to shampoo and soda pop. Under pressure from the United States, which has spent billions to eradicate coca as part of its war on drugs, Morales has reluctantly destroyed more acres of coca than his predecessors. While the Bush administration says he's still not doing enough, Morales wants to double to 59,000 acres the amount of land that Bolivia set aside long ago to grow coca for legal uses. Armed with scientific studies, Bolivian officials are attacking the impression that coca itself is harmful to health. They argue that legal products could be a viable alternative to growing the plant for use in cocaine, and far more effective than trying to wipe out the hoja sagrada, or sacred leaf, that has been a staple of Andean daily life and religious rituals since ancient times.
Meantime, in the Andean countries of Bolivia, Peru and Colombia, dozens of businesses are developing new coca-based goods. In Bolivia, industrial production of coca tea began in the 1980s, and since 2000, small companies have put out some 30 different products--coca bread and pastas, toothpaste and shampoo, ointments, candies, liquors. The Morales government recently set aside $1 million to further develop legal coca products. One company now has a soft drink called "Evo Cola" in the works.
In Peru, the state coca company, Enaco, has been turning out local teas for years and is now expanding. Earlier this year Enaco closed a deal to export 153,000 packets of coca tea to South Africa (which never signed the U.N. convention). Enaco also sells coca leaves to private Peruvian companies, including a coca-cookie maker and an energy-drink company. Abroad, it supplies coca for use as an anesthetic in Japan and Belgium, and as a flavoring to Coca-Cola. An exception to the U.N. ban that many experts say was negotiated for Coca-Cola allows exports of coca from which certain active ingredients have been extracted. (Coca-Cola, which has long declined to discuss the "secret formula" for its signature soda, also declined to comment for this story.) In Colombia, the Nasa Indians recently introduced a soft drink called Coca-Sek, already a national best seller.
The economics of legal coca make sense for farmers, says Ricardo Hegedus, general manager of Windsor, one of Bolivia's largest companies. Windsor buys 14 tons of coca leaf annually for use in tea, and is introducing a coca iced-tea mix this year. Hegedus says it pays about $6 for 2.2 pounds to coca growers, more than the $5 paid by cocaine traffickers. Some Bolivian coca companies are now "growing a lot and using new technologies," says Hegedus, who predicts coca tea will sell well on the world market "if we can gain the freedom to export."
Recently, the United Nations has shown some willingness to reconsider the health questions. A 1975 Harvard study found that coca is rich in iron, phosphorous, calcium, vitamin A and riboflavin. A 1995 World Health Organization study found no health problems related to the coca leaf, and recommended study of its potential health benefits. Roger Carvajal, Bolivia's vice minister of Science and Technology, says coca has been found to ease stress and aid circulation and breathing.
The United States has not responded officially to the legalization campaign, but it is unlikely to support it, after spending so much to destroy coca. Bolivian officials say controls could be put in place to stop the diversion of coca to the cocaine trade, and that a legal coca industry would reduce the supply available to traffickers. Roberto Laserna, a Bolivian social scientist, says that since eradication has failed to cut the cocaine supply, the United States ought to consider a new approach. Over a harmless cup of tea, perhaps.
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