domingo, 22 de maio de 2011

Voz para a paz

O artigo abaixo não apenas clama pela paz, como aponta um caminho para ela. Que as vozes dos que clamam por paz parem de ser ignoradas ou abafadas. Além disso ele derruba um mito cuidadosamente mantido pela manipulação midiática: de que a população de Israel apóia em peso as atitudes agressivas de seu governo.

Paz
Alexei.


Israel: um manifesto pela paz

Dezenas de personalidades defendem fronteiras de 1967 e sustentam: “reconhecer Estado palestino é vital para independência de Israel”. Manifesto assinado por figuras reconhecidas nos meios intelectual, associativo, diplomático e mesmo militar israelense revela algo às vezes oculto, nos meios de comunicação tradicionais. Uma parcela expressiva da população de Israel deseja a paz com os palestinos e está disposta a lutar por ela. Setores da comunidade israelense começam a se mobilizar, em todo o mundo, para separar-se de atitudes como a do primeiro ministro Benjamin Netanyahu.

Por trás de arrogância há, muitas vezes, fraqueza. Nesta sexta-feira (20/5), o chefe de Estado israelense, Benyamin Netanyahu, descartou rispidamente uma proposta feita por seu colega norte-americano na véspera. Em discurso há muito aguardo, sobre as relações entre Estados Unidos e Oriente Médio, Barack Obama tocara num ponto-chave para esvaziar as tensões que marcam a região. Sugerira que Israel reconheça o Estado palestino e retorne às fronteiras que prevaleciam até a guerra de 1967 – as mesmas aceitas por dezenas de países. Um dia depois, ambos reuniram-se, na Casa Branca. Após o encontro, ao conceder entrevista coletiva, frente a frente com Obama, Netanyahu afirmou: estas são “fronteiras da ilusão”.

Um documento publicado no mesmo dia, no New York Times, revela: a posição expressa com soberba pelo primeiro-ministro é cada vez mais fraca no mundo — e também em Israel. Dezenas de personalidades – reconhecidas nos meios intelectual, associativo, diplomático e mesmo militar israelense – endossaram abaixo-assinado em que expressam posição muito semelhante à de Obama.

O documento revela algo às vezes oculto, nos meios de comunicação tradicionais. Uma parcela expressiva da população de Israel deseja a paz com os palestinos e está disposta a lutar por ela. Esta postura tem, ainda, pouca expressão institucional – inclusive devido às características muito peculiares do sistema político [veja 1 2 3 textos no Diplô Brasil]. Mas se manifesta num conjunto crescente de iniciativas cidadãs.

Articulado pela OnG norte-americana JStreet, o manifesto publicado no New York Times deflagra um processo que poderá se tornar marcante, nos próximos meses. Setores da comunidade israelense começam a se mobilizar, em todo o mundo, para separar-se de atitudes como a de Netanyahu, e afirmar claramente seu apoio a uma paz justa. Este movimento tem raízes também no Brasil.

Leia a seguir o manifesto, firmado, entre outros, por cerca de 40 intelectuais e escritores premiados, incluindo 27 contemplados com o Prêmio Israel; mais de vinte militares de alta patente, incluindo 18 generais da Reserva; cinco ex-embaixadores, cônsules-gerais e diretores do Ministério das Relações Internacionais; mais de 5 reitores e ex-reitores universidades. A tradução é de Cauê Ameni e o documento, com seu formato original e lista de signatários pode ser encontrado no site J Street. (A.M)

O reconhecimento do estado Palestino baseado nas fronteiras de 1967
é vital para a existência de Israel


“Nós, cidadãos israelenses, nos dirigimos ao público para apoiar o reconhecimento de um Estado palestino democrático, como condição para acabar com o conflito e chegar ao acordo sobre as fronteiras, baseadas nas de 1967. Reconhecer o estado Palestino é vital para a existência de Israel. É a única maneira de garantir a resolução do conflito através de negociações, para prevenir a erupção de outra onda de violência em massa, e isolamento internacional de Israel.

“A implantação bem-sucedida dos acordos requer duas lideranças, israelense e palestina, que se reconheçam uma a outra, optem pela paz e se comprometam inteiramente com ela. Essa é a única política que deixa o destino e a segurança israelenses em suas próprias mãos. Qualquer outra atitude política contradiz com a promessa do sionismo e do bem estar do povo judeu.

“Nós, os abaixo assinados, chamamos todas as pessoas que se preocupam com a paz e a liberdade, e chamamos todas as nações, para que se unam a nós na saudação à Declaração de Independência Palestina e apoiem os esforços dos cidadãos dos dois Estados para manter relações pacificas, fundadas em fronteiras seguras e de boa vizinhança. O fim da ocupação é condição fundamental para a libertação dos dois povos, a realização da Declaração de Independência de Israel e um futuro de convivência pacifica.”


Publicado originalmente em Outras Palavras

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